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Gayle Forman – Se eu ficar

Se eu Ficar é o primeiro livro da duologia adaptada para o cinema e escrita por Gayle Forman, que retrata as nossas escolhas, a interrupção abrupta da vida e aborda as reflexões de que tudo o que temos hoje pode não ser mais presente amanhã. Demorei para começar a ler, pois receava de que fosse uma leitura complexa, difícil e emocionalmente forte, mas não foi bem assim. Ele é um livro magnífico que merece destaque, mas não me levou às lágrimas.

Se eu ficar

Autoria:
Gayle Forman

Editora:
Novo Conceito

Ano de lançamento:
2014

Páginas (nº):
224
Depois do acidente, ela ainda consegue ouvir a música. Ela vê o seu corpo sendo tirado dos destroços do carro de seus pais – mas não sente nada. Tudo o que ela pode fazer é assistir ao esforço dos médicos para salvar sua vida, enquanto seus amigos e parentes aguardam na sala de espera… e o seu amor luta para ficar perto dela. Pelas próximas 24 horas, Mia precisa compreender o que aconteceu antes do acidente – e também o que aconteceu depois. Ela sabe que precisa fazer a escolha mais difícil de todas.

Mia é uma adolescente de dezessete anos, amante de violoncelo, que mora com seus pais e irmão. Ela nunca se sentiu enquadrada em sua própria família por gostar de música clássica, ao passo que eles ouvem punk rock e se vestem com calças skiny e camisetas de bandas. Além disso, ela namora há mais de um ano um garoto também roqueiro chamado Adam, dois jovens tão diferentes e, ao mesmo tempo, tão iguais que é linda sua história juntos.

Tudo aconteceu em uma manhã de nevasca, quando Oregon cancelou as aulas e a família resolveu sair para um passeio. Um piscar de olhos foi necessário para tudo acontecer e o mundo de Mia desmoronar por completo. Um caminhão no sentido contrário foi suficiente para levar toda a sua família, espalhá-los pelo asfalto e mudar o rumo daquela manhã e de toda uma vida.

resenha do livro Se eu ficar Gayle Forman

Quem nos conta toda a história, a partir desse acontecimento trágico que ocorre logo nos primeiros capítulos é Mia, mas não em seu próprio corpo. Quando ela levanta da valeta onde foi jogada e percebe que saiu praticamente ilesa, vai imediatamente à procura dos seus pais e seu irmão. Mas é quando encontra a si mesma, deitada na valeta, que percebe que seu corpo está em frangalhos e correndo perigo de vida, e esse “corpo” que ela habita consegue enxergar e ouvir tudo o que está acontecendo. Os outros é que não conseguem percebê-la.

Diagramação diferenciada e, como sempre, muito bonita da Editora Novo Conceito.

A princípio, não me senti tão envolvida pela tragédia pois a própria Mia (ou seja, o “fantasma” dela) não conseguiu acreditar que aquilo estava acontecendo. Era pra ser um passeio de carro! Ela sabia que sua família estava destruída, mas não teve tempo de processar aquilo; ela sabia que isso iria acabar com qualquer sonho e que destruiria o resto de sua vida – se ela sobrevivesse – mas não senti dela qualquer sofrimento profundo em relação a isso. Ela estava perdida.

Não sei ao certo o que aconteceu comigo, e pela primeira vez no dia, não me importo nem um pouco. Não deveria me importar. Não deveria ter tentado tanto. Percebo agora que morrer é fácil. Viver é que é difícil.

Quando levaram seu corpo para a UTI, uma enfermeira em especial chamou a atenção: Ramirez arrumava os lençóis de Mia, ajeitava seu cabelo e lhe dava bom dia, mesmo que Mia esteja em estado de coma e “não pudesse lhe ouvir”. Mas foi o que a enfermeira disse que fez Mia mudar toda a sua perspectiva: “Você acha que cabe aos médicos, aos medicamentos e as máquinas, mas se você fica ou se você vai, a decisão é sua.” Quando ela viu todos os seus familiares na sala de espera do hospital, compreendeu: ela estava sozinha. Tinha perdido todas as pessoas que amava, a não ser por Adam. Então, o que faria? Iria embora com seus pais ou ficaria para permanecer ao lado de Adam?

Eu estava conversando com Liz e ela disse que talvez voltar para sua antiga vida seja doloroso demais, que talvez seja mais fácil para você nos apagar. E isso seria uma droga, mas eu faço. Eu posso perder você dessa forma se eu não te perder hoje. Eu te deixo ir. Se você ficar.

Enquanto acompanhamos a Mia desacordada em um leito da UTI, conhecemos muitas cenas de sua vida através de flashbacks ao passado que ela relembra à medida que os acontecimentos do presente estão transcorrendo. Com isso, vamos construindo uma espécie de quebra-cabeça, juntando os pedaços para construir a realidade de Mia nesse momento, em dúvida sobre qual decisão tomar. À medida que eu conhecia os personagens, mais triste e dividida me sentia pela protagonista.

resenha do livro Se eu ficar Gayle Forman

Este livro mexe com as emoções dos leitores de uma forma diferente. Percebemos o valor de cada momento da nossa vida, de cada pessoa que amamos, e o mais importante, tomamos consciência de que nossos atos podem mudar totalmente nossas vidas em um segundo. Esse fio da vida é tão frágil que, quando menos esperamos, talvez não estejamos mais aqui. E tudo o que fica? E os sonhos, as músicas favoritas, os livros pela metade? Tudo permanece sem resposta. Gayle Forman deu vida a uma história fantástica, dolorosamente linda e capaz de conquistar até o leitor mais crítico.

Algumas vezes você faz escolhas e algumas vezes escolhas fazem você.

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  • Karyne

    hoje que eu fiquei sabendo que era de um livro que saiu o filme.
    Agora quero o livro primeiro hahahaha

    Blog do Sofá

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  • Aline T.K.M.

    Oi, Gabi! Sabe, sua resenha foi a mais animadora que li até agora deste livro. Tenho ele mas acho que ainda vou demorar um pouquinho para ler. Li uma ou outra resenha que diminuíram um pouco minhas expectativas – que já não estavam tão altas -, mas como disse, gostei bastante dos seus comentários. Não consegui ver o filme, infelizmente, então estou assim “zerada” na história, só sei por alto do que se trata. Vamos ver, né…

    Beijos, Livro Lab

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    • Gabi Orlandin

      Pois é, Aline, percebi que a maioria das pessoas que leram não gostaram tanto assim. Acho que eu fui uma excessão. Só que eu ainda não vi o filme, e já me disseram que é bem melhor. E também estão dizendo que o segundo livro (Para onde ela foi) é muito melhor que o primeiro. Sim, veremos… 🙂
      Beijos.

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  • Amanda

    Eu achei essa historia bem interessante. Mas esses tempos estou na fase “depressão pós namoro” e não me aventuro em assistir ou ler uma historia que eu sei que vou chorar rios de lágrimas. hahaha Quando eu sair da fossa quem sabe, né!?

    http://www.whatamandalikes.com/

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  • Nataly

    Gabi,
    Eu não tinha me interessado por esse livro até ler a sua resenha. Confesso que você ter dito que não te levou as lágrimas fez com que eu me interessasse mais. Estou tentando evitar esse tipo de livro no momento.
    Gostei muito da resenha e da reflexão que o livro trás. Obrigada pela indicação.
    Beijos. ♥

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  • Beatriz Cavalcante

    Acredita que eu não gostei muito desse livro, Gabi? Eu comprei porque tava AQUELA coisa todo mundo falando do livro e tals. Comprei e quando eu comecei a ler foi tipo: ah, ok é só isso? Não que o livro seja ruim e que as tragédias não sejam “só” isso mas eu não me senti conectada com ninguém. Acho que se a tragédia tivesse acontecido no meio do livro talvez eu tivesse ficado abalada, mas como foi logo nas primeiras páginas eu não tive tempo de me apegar aos personagens…

    Mas ai eu li o final do livro aquele trechinho do próximo e fiquei louca para ler. Acho que vai ser muito melhor que esse e fiquei muito curiosa querendo saber o que aconteceu. Grrrrr preciso ler para onde ela foi (acho que é esse o nome), hahaha.

    Eu assisti o filme e acho que gostei muito mais do filme do que do livro. Tem muita cena engraçada e a família dela é um amorzinho. Gostei bastante, mas entre o livro e filme nada superou a trilha sonora. Está maravilhosa. <3

    Beijos!

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    • Gabi Orlandin

      Eu percebi, pelos comentários aqui na minha resenha, que os leitores desse livro não curtiram muito a história. Comigo foi diferente, talvez eu tenha lido sem tanta expectativa. Sobre não se sentir conectada, também senti isso, mas depois consegui entrar um pouco mais na história – nada OH MEU DEUS, mas foi alguma coisa.
      E sim, estão dizendo que o segundo livro (Para onde ela foi) é muito melhor. E eu ainda não vi o filme. Estou querendo ver pra depois ler a continuação, se não eu faço confusão na minha cabeça, hehe! Curiosíssima pela trilha sonora agora <3
      Beijos.

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  • Ana Letícia Lima

    Oie!

    Eu gostei bastante do livro, mas confesso que esperava bem mais. Achei o filme muito mais profundo e emocionante, chorei demais e fiquei com o peito apertado em quase todo o filme! hahah

    Beijos ^-^

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  • Ellem

    Eu também demorei um pouco pra me envolver com a história do livro, mas depois não queria mais parar haha
    Achei bem interessante a autora alternar o presente com as lembranças da Mia, nos faz entender aos poucos porque é tão difícil para a personagem tomar a decisão de ir ou ficar.
    Gostei bastante da leitura, mas quase infartei com o final kkkkkk ainda bem que tem continuação 😛
    Beijos

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