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Jandy Nelson – Eu te darei o Sol

Eu iniciei a leitura do novo romance da Jandy Nelson com altas expectativas, tanto por já ter lido outro livro dela, quanto pelo belo trabalho de capa e sinopse. Logo nas primeiras páginas, já tinha me encantado pela escrita da autora, e pensei que esse seria daqueles livros que eu leria em um piscar de olhos, devorando página após página. Não foi bem assim que aconteceu.

Eu te darei o Sol

Autoria:
Jandy Nelson

Editora:
Novo Conceito

Ano de lançamento:
2015

Páginas (nº):
384
Noah e Jude competem pela afeição dos pais, pela atenção do garoto que acabou de se mudar para o bairro e por uma vaga na melhor escola de arte da Califórnia. Mal-entendidos, ciúmes e uma perda trágica os separaram definitivamente. Trilhando caminhos distintos e vivendo no mesmo espaço, ambos lutam contra dilemas que não têm coragem de revelar a ninguém. Contado em perspectivas e tempos diferentes, “Eu te darei o Sol” é o livro mais desconcertante de Jandy Nelson. As pessoas mais próximas de nós são as que mais têm o poder de nos machucar.

A história gira em torno dos irmãos gêmeos Noah e Jude Sweetwine, que têm uma verdadeira ligação entre si. Enquanto um sofre, o outro parece sofrer também; enquanto um pensa em algo, o outro compartilha dessa ideia. Eles realmente têm uma sincronia maravilhosa, até que algo gigante e de proporções enormes os separou. Eles são pessoas invejosas, com a tendência de quererem tudo para si, e isso acaba gerando inúmeras mentiras que se acumulam e viram uma imensa bola de neve obstruindo o caminho de um até o outro. A ligação que antes existia está por um fio.

Noah sempre amou desenhar. Ele consegue imaginar verdadeiras obras de arte em sua mente enquanto fala com as pessoas, e seu sonho é entrar para a escola de artes local. Jude, por outro lado, é uma escultora maravilhosa, mas ela não quer entrar para essa escola onde, a seu ver, só tem gente esquisita. Em casa, sua mãe é uma amante das artes, já escreveu diversos livros sobre artistas e incentiva esse lado artístico dos filhos… principalmente de Noah. Essa preferência, aos olhos de Jude, é o fio condutor da inveja, que levará os dois irmãos a construírem o muro entre si.

Quando quando os papeis passam a se inverter nessa história, quando tudo não é o que parece e quando a vida dá uma guinada irreversível, os dois irmãos tentam encontrar um ao outro em meio ao caos. Mas como reverter todas as mentiras e mágoas que eles construíram?

Resenha do livro Eu te darei o sol
Resenha do livro Eu te darei o sol

“- Platão falou sobre coisas que existiam e que tinham quatro pernas, quatro braços e duas cabeças. Eram coisas únicas, estáticas e poderosas. Poderosas demais, então Zeus as cortou pela metade e espalhou as metades pelo mundo, para que os humanos estivessem para sempre fadados a procurar suas metades, a metade com a qual compartilham a própria alma. Somente os humanos mais sortudos encontram suas metades, sabe?”

Este livro é verdadeiramente poético. A escrita de Jandy Nelson cativa o leitor, que se diverte com as metáforas e fica incrédulo com o misticismo e a crença da família Sweetwine por simpatias, sortes e azares. Você sabia que, conforme o livro, se um garoto dá uma laranja a uma garota, o amor dela por ele se multiplicará? Pois é! Esse tipo de coisa e o acréscimo de “fantasmas” na história fez dela uma obra diferente do comum.

A editora Novo Conceito enviou aos parceiros um pequeno livrinho cheio de ilustrações e uma caixinha de giz de cera pra colorir, inspirados na febre desses livros e, principalmente, na paixão do nosso personagem Noah.
Vale postar essa obra de arte que eu pintei? Haha!
Admito que não tenho muita paciência para livros de colorir, mas acredito que iria gostar, se tivesse um tempinho sobrando.

Achei genial a forma como a autora contou a história: cada capítulo é dedicado a um dos irmãos, sendo que a história de Noah acontece antes, lá pelos 13 anos, e a parte de Jude acontece três anos depois, quando ela tem 16 anos – e depois de tudo, tudo. Com o passar das páginas, a distância vai diminuindo e os tempos ficam mais próximos, quase se encontrando. Achei muito boa essa sacada da autora. Por outro lado, o que pesou como negativo para mim foi o tamanho desses capítulos. Eles são bem compridos, chegando a ter mais de 50 páginas cada. Não que seja um verdadeiro problema, mas torna a leitura um tanto cansativa.

Por falar em leitura cansativa, agora vem o maior ponto negativo, na minha opinião: eu me arrastei até a metade do livro. Eu fiquei com bastante raiva, pois não entendia aonde a autora queria chegar com todo aquele desenrolar, e me desanimei bastante. Cheguei a acessar algumas resenhas para ver se isso acontecia só comigo e percebi que mais pessoas falaram o mesmo, então continuei. Fiquei muito feliz de ter feito isso, pois após a metade, quando alguns mistérios vão sendo revelados, as coisas só melhoram! Enquanto a primeira metade foi maçante, a segunda pode ser lida muito rapidamente.

Apesar de ter achado cansativo e não ser aquele tipo de livro que guardarei para sempre na memória como algo marcante, foi uma leitura proveitosa sim, e muito disso se deu justamente pelas coisas diferentes sobre misticismo que falei. Achei que, sem isso, o romance poderia ser quase um “mais do mesmo” – na minha modesta opinião, é claro. Por isso, recomendo a leitura, desde que haja um saco de paciência até que chegue à parte mais incrível. Vale a pena!

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  • Beatriz Cavalcante

    Poxa, que pena que o livro acaba sendo um pouco maçante. Eu quero muito ler porque vi muita gente elogiando o livro mas tenho medo desses capítulos gigantes. Sempre fico com a impressão de que a leitura não anda e que eu estou ali empacada há tempos… hahaha
    Mesmo assim, parece ser bem diferente dos romances que estou acostumada e quero ter a oportunidade de ler. 🙂

    Beijos!

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    • Gabi Orlandin

      Oi, Bia!
      Pois é, é uma pena mesmo. E é exatamente a mesma impressão que tenho com capítulos grandes demais. Dá uma agonia!
      Beijo.

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  • Amanda Melanie

    Ai, Gabi! Estava ansiosa para ler este livro, mas ainda bem que li sua resenha antes. Assim, diminuo as expectativas e leio de maneira mais relaxada.
    Obrigada por compartilhar de forma clara o que achou do livro. Gosto de resenhas assim, com a verdadeira opinião do autor.

    Beijos

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    • Gabi Orlandin

      Amanda, que bom que gostou da resenha. Não dá pra escrever só elogios quando a gente não gostou tanto assim, né? Acho que tem que ser sincero.
      Beijos.

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  • Dai Castro

    Tem muitos livros que acabam sendo cansativos inicialmente, mas que vale a pena continuar porque a conclusão da história pode nos surpreender. Acho legal quando o conflito acontece entre irmãos ou pessoas de uma mesma família, é interessante tentar observar como cada personagem enxerga uma situação em comum de maneira diferente.
    Quanto as crenças, eu não consigo acreditar muito nessas coisas não, para falar a verdade rs, e acho que justamente por isso deve ser bem diferente ver o ponto de vista de quem realmente acredita!

    http://colorindonuvens.com

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    • Gabi Orlandin

      Sim Dai, já perdi a conta de quantos livros são assim. Daqueles que começam fracos e depois se tornam incríveis. Eu também não acredito nessas crenças, mas é bem engraçado ver como os personagens acreditam nisso.
      Beijos.

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