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Naoki Higashida – O que me faz pular

Ao ler a sinopse de O que me faz pular, entendi que o livro trata do autismo e, mais do que isso, de que o autor é um menino de apenas 13 anos de idade e portador da doença. Naoki é um exemplo de força, determinação e esperança que lutou para seu sonho de ser escritor se tornar realidade. Ele teve ajuda de sua professora e sua mãe para escrever o livro, que fizeram uma espécie de teclado, onde ele aponta as letras que quer dizer, formando palavras, frases, textos e livros.

O que me faz pular

Autoria:
Naoki Higashida

Editora:
Intrínseca

Ano de lançamento:
2014

Páginas (nº):
192
Naoki Higashida sofre de autismo severo. Preso em seu mundo individual, muitas vezes ele exibe comportamentos vistos como estranhos, peculiares, “inadequados”. Seja repetindo palavras e frases aparentemente sem sentido ou evitando contato visual com outras pessoas, Naoki tem uma enorme dificuldade de se comunicar e de socializar. Porém, graças à determinação da mãe e de uma professora, ele aprendeu a se expressar apontando as letras em uma espécie de teclado de papelão – e o que tem a dizer traz uma nova luz para a compreensão da mente autista. A história de Naoki demonstra que, longe de serem insensíveis e indiferentes ao mundo, as pessoas com autismo são tão complexas quanto qualquer um de nós e dotadas de senso de humor, empatia e uma intensa imaginação.

Do seu ponto de vista, o mundo do autismo deve parecer um lugar extremamente misterioso. Portanto, por favor, pare um pouco e ouça o que tenho a dizer

Página 22

Com a introdução do escritor David Mitchell, autor britânico de seis romances, entre eles “Cloud Atlas”, que foi adaptado para o cinema, nós conhecemos a trajetória desse livro até chegar nas nossas mãos. David é pai de um menino autista e, como tal, procurava desesperadamente uma forma de entende-lo. Ele e sua esposa, K. Yoshida, tentaram inúmeros livros, sem sucesso. Até que Yoshida encomendou um livro do Japão que os deu a luz que eles precisavam. A partir do momento que o relato de Naoki os ajudou a entendeu seu filho, eles traduziram o livro para o inglês para ajudar pais de outros autistas que tinham a mesma dificuldade.

Não conseguir falar significa não compartilhar o que a gente sente e pensa. É como ser um boneco que passa a vida toda em isolamento, sem sonhos ou esperanças.

Página 27

Os autistas não têm controle sobre seu próprio corpo: eles entendem o que você fala, eles entendem tudo o que acontece ao seu redor e, ao contrário do que muita gente pensa, eles crescem, evoluem e pensam da mesma forma que uma pessoa “normal”. A diferença é que, enquanto nós temos os pensamentos “organizados”, os deles estão totalmente perdidos e misturados, encharcando sua memória de coisas novas e velhas a todo o momento, e eles não têm noção se alguma coisa aconteceu há dois anos ou dois dias. Todas as sensações são sentidas mais fortes e tudo é feito para lhes atrair atenção. E, quando isso acontece, eles precisam correr atrás dessa coisa que os está “chamando”, ou isso lhes causa uma espécie de dor. Eles sabem que não precisam fazer isso, mas de alguma forma, não conseguem evitar. E, por favor, não vamos mais crer (nem fazer piadas) que os autistas são pessoas que gostam de ficar sós, pois isso não é verdade.

Não posso acreditar que qualquer ser humano deseje mesmo ser deixado só. De forma alguma. […] A verdade é que amamos ter companhia. Mas, como as coisas nunca dão certo, acabamos nos acostumando com a solidão sem sequer perceber como isso aconteceu.

Página 55

Conseguem imaginar como deve ser não ter controle sobre seu próprio corpo? Saber que está fazendo algo errado e, mesmo assim, não conseguir evitar? Eu tenho muita dificuldade em imaginar algo assim. Em um capítulo, Naoki conta que ele sempre abanava para as pessoas com a mão voltada para dentro. Para ele, isso estava certo, até que um dia alguém mostrou-o fazendo isso na frente de um espelho. Somente ali ele pôde perceber que aquilo estava errado, que sua mão estava virada ao lado contrário. Antes, sua mente não registrava esse fato.

Por favor, não suponham que cada palavra que dizemos é aquilo que pretendíamos. Sei que isso dificulta a comunicação – e não conseguimos sequer usar gestos -, mas queremos muito que vocês entendam o que se passa em nossos corações e mentes. E, no fundo, meus sentimentos são bem parecidos com os seus.

Página 46

Nossos sentimentos são iguais aos de todo mundo, só não conseguimos encontrar uma forma de expressá-los.

Página 47

Contando com belas ilustrações em preto e branco, 58 perguntas diretas que Naoki responde sobre sua condição, e alguns contos de ficção que ele mesmo escreveu, O que me faz pular é um livro obrigatório, pois mais do que conhecer a doença, você passa a entender essas pessoas. Naoki é simples e direto em suas respostas e, mesmo que algumas sejam repetidas ou não façam sentido com a pergunta (afinal, ele tinha apenas 13 anos quando escreveu), nós não conseguimos parar de ler. A cada pergunta, eu tinha que imaginar aquilo que estava lendo; é triste, mas ao mesmo tempo impressionante o que se passa na cabeça dessas pessoas.

Em poucas palavras, aprendi que cada ser humano, com ou sem deficiências, precisa se esforçar para fazer o melhor possível e, ao lutar para conseguir a felicidade, ele a alcança. Veja bem, para nós o autismo é normal, então não temos como saber o que os outros chamam de “normal”. Porém, a partir do momento em que aprendemos a nos amar, não sei bem se faz diferença termos autismo ou não.

Página 84

Pequenino, O que me faz pular vem de mansinho e a gente não espera muita coisa, mas somos inesperadamente arrancados de nosso mundo e inseridos em outro universo. Não posso obriga-los a ler este pequeno livro, mas recomendo. Não achei que a leitura fosse me tocar tanto, mas ela o fez. Não enxergo o mundo de outra forma, só enxergo uma doença séria de forma mais correta e compreensiva. E isso é muito importante. Se você deseja entender as pessoas que sofrem de autismo, não deixem de ler o livro de Naoki Higashida.

Mas, quando pulo, é como se meus sentimentos rumassem em direção ao céu. […] Quando estou pulando, posso sentir melhor as partes do meu corpo – as pernas saltando, as mãos batendo -, e isso me faz muito, muito bem.

Página 87

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  • Jessica M

    Que história linda! Eu fiquei bem interessada em ler, porque sempre foi uma coisa que me despertou curiosidade, conhecer um pouco sobre o autismo, mas nunca parei pra pesquisar sobre o assunto.
    Parece ser bem tocante, e com certeza foi pra wishlist.
    Ótima resenha, Gabi!
    Beijos!

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  • Dezi Faustino (Tsuwabuki)

    Acho o autismo uma doença muito interessante, penso que o assunto é pouco abordado pelas pessoas, quando ouço algo sobre, alguém sempre fala algo equivocado. Cansei de ler e ouvir essa história de “eles preferem ficar sozinhos” e sempre achei estranho, afinal, quem prefere ficar o tempo todo só? Já conhecia este livro, mas ainda não tive a oportunidade de ler. A tua resenha foi maravilhosa, me deu mais vontade de ler, li algumas coisas sobre ele em outros sites e blogs, mas com as tuas palavras eu consegui compreender do que realmente se trata o livro.
    Adorei!
    Beijos!

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  • Marisa Oliveira

    Oi Gabi!
    Que resenha espetacular!
    Sempre quis saber sobre o autismo e acho que encontrei um livro que vai responder minhas perguntas sobre o assunto.
    Com toda certeza se tornou uma das minhas prioridades de leitura, tanto pelo assunto tratado, quando por sua profundidade se tratando de uma doença tão complexa e ainda misteriosa para a maioria dos seres humanos. [heart]
    Abraços!

    responder
  • Isa

    Gente, já tinha visto a capa do livro em alguns sites mas nunca parei pra saber do que se tratava e parece ser incríveeel! Eu trabalho com crianças autistas e com outras síndromes e é realmente impressionante acompanhar a evolução. Fiquei super interessada em ler, quero já!!

    responder
  • May

    Há um tempo atrás comentei muito sobre o autismo com uma conhecida minha, seja pela novela que passou na globo, seja por ter conhecido algumas pessoas com a doença. Ao contrário do que muitos pensam, é incrível a inteligência e capacidade de demonstrar amor que um autista tem, basta ter paciência para tentar entendê-lo.

    Gabi, eu não sabia do que esse livro tratava, mas, depois da sua resenha, fiquei super tentada a ler, e será uma das minhas próximas compras.

    Beijo enorme,
    May :*

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  • Camille

    Eu amei esse livro. não sei exatamente explicar o motivo, mas sabe quando você entende um pouquinho um mundo completamente diferente do seu? Acho que é isso.

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    • Gabi Orlandin

      Exato, Camille! Foi extremamente difícil escrever essa resenha, tanto que escrevi bastante e acho que não traduzi a essência do livro. Só lendo pra entender, né? 😉

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  • Juh Claro

    Só o nome e a capa desse livro já me deixam com vontade de lê-lo; ao saber do que se tratava, já quis comprá-lo pra ler, mas acabei deixando de lado – depois da sua resenha, vejo que me arrependi e já deveria ter lido logo! Eu gosto muito de livros assim, porque apesar de serem um pouco tristes, é uma realidade que não enxergamos por inteiro e é muito interessante conhecer melhor. Eu li um livro sobre síndrome de Down e tive o mesmo sentimento que você: não mudou minha vida, mas o jeito de pensar sobre esse assunto em particular.
    Numa próxima oportunidade não vou pensar duas vezes!

    Beijo.

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  • Helô

    Fico feliz que tenha curtido, Gabi. Este livro merece tudo de melhor sempre. 🙂
    beijinhos.

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  • Talita

    Não conhecia o livro mas fiquei mega interessada, acho que nunca li algo que tenha autismo. Conheço um menino que tem a doença e ele faz coisas incríveis, tem o dom da música e tal.

    Já quero ler esse e o bom é que tá baratinho^^

    beijos ;*

    Talita
    Cereja Rocks

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  • Cecilia

    Gabi, fiquei super curiosa com esse livro pois sou professora e já tive alguns estudantes portadores de autismo. Só quem lida com eles sabe como é difícil compreender. Já li muita coisa mas acho que esse livro vai somar bastante. Obrigada pela dica.

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  • Ellen Alves

    Hey Gabi! Devorei sua resenha, eu sou fascinada por livros com essa temática, e fiquei mega surpresa quando vi que foi escrita por um autista! o/ São tantos mitos e preconceitos que existem em nós mesmos sobre eles, né? Enquanto lia sua resenha me senti em outro mundo, desconhecido, porém fantástico! Sinto aquela curiosidade básica que preciso ler para saciar, sabe? Essa leitura me parece única e especial! Parabéns por ter a escrito tão bem!
    Mil beijos ♥
    http://www.momentosassim.com

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  • Bruna Lombardi

    O que me apaixonou nesse livro
    1.Título
    2.Capa
    3.Assunto tratado nele [love]

    Amei a resenha!Adorei o livro,faz sorteio Gabi [heart] rs
    Beijos!

    responder
  • Poly

    Que livro interessante. Acho que nunca li um livro tão detalhado sobre o autismo, fiquei realmente curiosa.
    Gosto de livros assim porque ajuda a diminuir o preconceito ou os estigmas da doença. Tudo o que vemos por aí na mídia costuma ser bem superficial e cheio de rótulos, a doença é bem mais complexa e com mais nuances que só quem convive com um autista consegue entender.
    Sua resenha ficou ótima, Gabi. Acho que conseguiu transmitir a maravilha da leitura. Pelo menos, em mim, despertou o interesse.
    Bjuxxxxxx

    responder
  • Maria Fernanda

    QUE LIVRO INCRÍVEL!
    Copiei o link e mandei pra minha mãe, porque ela tem algumas crianças na escola que são autistas.
    Vou procurar esse livro por aqui! =)

    Beijão

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  • Carol Rodrigues

    Vim retribuir sua visita no Expresso e estou encantada com o seu blog!
    Meu deus, que coisa mais linda! E você fala de liiiiiiiivros ♥ Que coisa mais fofa! E tem bonequinhos fofos nos comentários [happy] [heart] [love]
    Eu estou um pouco envergonhada porque não conheço o livro, mas amei a resenha e os quotes que você salvou! Creio que ele vá para a wishlist!
    Tem um outro livro sobre autismo que também esta na minha lista (não sei se vc conhece) chamado “Sinto-me só” – você já leu? Talvez te interesse também depois de ler esse. Eu ainda não li, só li resenhas sobre o Sinto-me só, mas fiquei muito interessada pelas coisas que falaram sobre ele.
    Escrevi à beça rsrss . De qualquer modo, fica uma “troca” de dica literária aqui ♥

    Beijos florzinha do blog lindo *-*

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    • Gabi Orlandin

      Ah, que linda, Carol. Obrigada por todo o carinho! Esses bonequinhos são mesmo fofos, sou apaixonada por eles quase desde que comecei com o blog, haha [love]
      Não precisa se sentir envergonhada. Pronto, agora você conhece o livro! E eu não conhecia esse Sinto-me só também, vou dar um google nele.
      Antes de eu terminar: seu blog também é lindo. Amo aquela ilustração <3
      Beijos.

      responder
  • Roberta

    Nossa, realmente é muito interessante; eu gostaria de ler; tentar conhecer mais sobre as pessoas sempre é bom e nos permite ajudar, ou ser ajudados, já que nossa visão sobre as coisas melhora, fica mais nítida, passamos a compreender a realidade de cada um. Adorei e vou procurá-lo por aqui.
    Fiquei muito feliz com sua visita em meu blog [heart] Obrigada!!!
    Bju [wink]

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  • camyli alessandra

    Quando esse livro foi apresentado no evento da intrínseca eu fiquei pilhada em comprar e realmente comprei e todo o dialogo é muito bom…

    responder
  • cristiane patricio

    Estou louca para ler este livro. Meu TCC é sobre a criança autista e tenho certeza que vai me ajudar e muito. Depois de ler sua resenha fiquei ainda mais interessada nesta linda história. Beijos, Cris.

    responder
    • Gabi Orlandin

      Cris, acho que esse livro pode te ajudar muito no TCC, sim! Nada melhor do que um autista pra dizer como é essa doença. Espero que ajude, e boa sorte!
      Beijos.

      responder
  • Alisson

    Obrigado pela resenha, a maneira como descreve me deixou certo da qualidade do livro. Tive o despertar exatamente para entender meu filho que também é diagnosticado com Autismo.
    Muito obrigado.

    responder
    • Gabi Orlandin

      Bom dia Alisson!
      Fico muito feliz em saber que minha resenha te ajudou. É um livro fininho, mas bastante explicativo.
      Tenha um ótimo final de semana.

      responder